Análise Do Jogo
Bioshock "1"
Saído há já um ano na Xbox 360 e PC, a versão PS3 de Bioshock tem pouco para provar a não ser dar a conhecer todos os encantos de Rapture aos utilizadores da consola da Sony. Terá mantido a qualidade? Com toda a certeza que sim. Introduz novos elementos? Sim, também. Continua a valer a pena passado um ano? Mais do
que nunca. Bioshock continua a distinguir-se dos demais FPS’s que abundam no mercado pelos seus inovadores elementos que inseriu no género e, após a sua estreia, ainda não há rival que se lhe assemelhe.
Um dos factores para este sucesso deve-se à singular cidade submersa,Rapture. O pano de fundo de Bioshock é de tal modo importante que muitos vêm a cidade como uma personagem viva tal é a sua complexidade. Criada no passado por todo o tipo de intelectuais, pensadores e industriais com o obejectivo de conceber uma sociedade perfeita, foi criada uma cidade nas profundezas do Atlântico de modo a dar forma á visão de Andrew Ryan, o cérebro por detrás de Rapture. Mas tal não resultou e a cidade viu-se mergulhada no caos quando os seus próprios habitantes se deixaram corromper pelo ADAM (substância que permite o uso de plasmids mas já lá irei). E é assim que a nossa personagem (um sobrevivente de um acidente de avião) se vê a entrar em Rapture através de um enorme farol no meio do Oceano. Como se pode constatar a história é cativante o suficiente para prender a atenção dos jogadores e suficientemente intrincada para agradar com o decorrer do jogo. Portanto estejam preparados para personagens misteriosas e reviravoltas surpreendentes.
Do ponto de vista gráfico, Bioshock faz um excepcional uso do Unreal Engine 3, o motor gráfico que serve para modelar na perfeição toda a arte dos cenários de jogo (as instalações e ambientes remetem-nos para a viragem do século XIX para o século XX onde se iniciava o movimento moderno, mais propriamente a
Art-Déco de inspiração vegetalista). Para além disso, as texturas estão bem renderizadas (a água está com um visual bastante natural), os movimentos das personagens bem construídos com óptimas animações e uma IA também muito bem criada.
Neste campo, Bioshock é verdadeiramente singular. Todos os inimigos reagem tal e qual como deveriam reagir, em vez de só atacarem a nossa personagem, também se atacam mutuamente se aplicarmos bem as nossas plasmids (novamente já lá irei). Contudo a melhor demonstração da IA é a relação Big Daddy e Little Sister. Se não interferirmos, a dupla prossegue o seu caminho, mas se alguém tentar ameaçar a Little Sister o Big Daddy tratará de a proteger até às últimas consequências. A importância das Little Sisters reside na necessidade da personagem de ter ADAM para adquirir novas habilidades e quando derrotarem o respectivo Big Daddy (que vai custar devido ao laço afectivo entre os dois para além da óbvia relação cooperativa) irão deparar-se com uma escolha: matar ou purificar a pequena criatura. A primeira opção irá resultar em muito mais ADAM mas a Little Sister morrerá enquanto na segunda não terão tanto ADAM á disposição mas a pequena viverá como uma criança normal. Para além disto esta opção pode trazer benefícios a longo prazo
No departamento sonoro Bioshock também se destaca pela positiva. Não só pelas músicas de época mas também por todos sons específicos (água a pingar, passos pesados que anunciam a proximidade de um Big Daddy e conversas entre Splicers) que ajudam ao ambiente de suspense. Neste campo, encontra-se o verdadeiro meio de perceber completamente a história de Rapture, os diários em gravadores deixados por todo o cenário pelos antigos habitantes da cidade. Esta forma de ir de encontro á narrativa vale pela novidade e pela singularidade, mas por vezes há problemas em perceber completamente o que as personagens querem
dizer, não por estar mal gravado nem por problemas com o jogo mas por todos os outros sons que já referi acabarem por interferir na percepção do jogador. De qualquer maneira não é grave, pois não acontecem pontualmente porque depende do sítio onde se apanham os diários.
Como já foi dito, Bioshock é um FPS, diferente é certo mas mesmo assim a mecânica de jogo é igual á de qualquer outro dentro do género, ou seja vão continuar de arma em riste a abater inimigos. ContudoBioshock introduz as plasmids, complementos que conferem poderes á nossa personagem. Com as plasmids certas pode-se electrificar e incendiar inimigos, controlar Big Daddys e até usar telecinesia, entre outras. Para além disto também se pode adicionar à personagem certas caraterísticas de forma a moldá-la aos estilos próprios de cada jogador. Dependendo de queplasmids comprarem poderão tornar-se verdadeiros mestres a fazer hacking (um mini-jogo em que têm de determinados tubos para encaminhar água em direcção á saída) em sentinelas robóticas e cofres, poderão também tornar a personagem fisicamente mais forte e resistente a dano ou até a atribuir a habilidade de dar choques eléctricos sempre que sofrerem dano. Uma das razões para a complexidade deste jogo é as várias maneiras de matar os
inimigos. Há inimigos numa poça de água ou numa superfície coberta de óleo? Electrifiquem ou incendeiem as superfícies e a respectiva matéria condutora dará conta de infligir dano. Um Big Daddy está nas redondezas numa área infestada deSplicers? Tomem controlo dele e usem-no como para vos proteger. As possibilidades são várias.
Com tudo isto é de esperar que muitos queiram regressar a Rapture, nem que seja para salvar todas as Little Sisters, fazer upgrade e ter todas as plasmids ou até mesmo adquirir todos os troféus. Mas mesmo que não queriam repetir a campanha (que ainda se estende por mais de 12 horas) poderão descarregar os conteúdos exclusivos disponíveis naPSN. Estes consistem numa série de salas que contêm os mais diversos desafios como salvarLittle Sisters de lugares inacessíveis.
Em suma Bioshock é um FPS diferente mas que mesmo assim é do melhor que o género tem para oferecer. Não só pela história mas pelo ambiente opressivo da cidade de Rapture arruinada pela humanidade. Um jogo absolutamente obrigatório.
