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Epic Mickey

28/03/2011 14:36

 

Pondo de lado a aparição em vários Kingdom Hearts, o rato Mickey da Disney é apenas mais uma das muitas personagens que não tem sido muito bem tratada pelos videojogos.
Se recuarmos bem no tempo, à era da velha Mega Drive, podemos encontrar um dos melhores jogos com Mickey como personagem principal, esse jogo chamava-se Fantasia, e misturava o universo do filme da Disney, com vários cenários recheados de plataformas ao bom estilo 16-Bits.

Quando foram lançadas as primeiras imagens de Epic Mickey, o seu cruzamento entre uma adaptação mais sombria dos mundos da Disney e uma remodelação da imagem de Mickey, tudo indicava que o exclusivo da Wii tinha todos os predicados para se vir a tornar num projecto com identidade própria e uma visão renovada da mascote intemporal.
Em 2010, Mickey volta então a ter um jogo com potencial suficiente para o fazer voltar a brilhar nos videojogos, mas será que o lendário Warren Spector e o seu estúdio, Junction Studios conseguem fazer jus, não só ao rato mais famoso do mundo, assim como a todas as memórias perdidas da Disney?

Epic Mickey é um misto criado entre várias ideias. Mas a mais importante de todas, é a de tentar explorar ao máximo os mundos e personagens esquecidas da Disney. A história gira em redor de Mickey e da sua demanda por um mundo distorcido do real, cheio de personagens que o tempo acabou por apagar da história recente da Disney, e até de projectos que nunca foram além dos esboços iniciais.
 

Dentro deste mundo conhecido por Wasteland, existe um parque Disney onde todos os que foram esquecidos, habitam, e juntamente com eles, vão conhecer Oswald, o “irmão” mais velho de Mickey roubado a Walt Disney quando este começou a fazer animação. Oswald vai ser então o suposto antagonista desta aventura, servindo a inicio como um dos maiores entraves à progressão de Mickey.

Mas Mickey não entra neste mundo completamente isento de ajuda. Após ser submetido a uma desagradável experiência realizada pelo Mad Doctor, Mickey é ajudado por Gus, uma estranha criatura da raça dos Gremlins (mais um grupo de figuras que nunca chegaram a sair do papel) a fugir.

A segunda ajuda essencial da mascote, vai ser uma das maiores estrelas de todo o jogo, um pincel magico que permite ao herói, não só lutar, como alterar vários elementos dos cenários usando tinta para criar ou solvente para apagar.

O uso do pincel é fulcral para toda a aventura, pois Mickey só vai conseguir progredir, normalmente, usando o pincel para, por exemplo, criar uma ponte anteriormente desaparecida, ou então, apagar um amontoado de pedras que estejam a impedir o caminho. Grandes partes dos puzzles funcionam em redor do uso constante do pincel, e da variação entre o uso da tinta e do solvente.

Mas claro que nem tudo onde podem usar o pincel, está relacionado com os cenários. Por outro lado, também os inimigos podem ser combatidos usando esta arma. Se usarem tinta contra os inimigos que vão surgindo, estes acabam por se tornar vossos aliados, mas se usarem solvente, conseguem fazê-los desaparecer. É aconselhável que usem o pincel de forma a fazer aliados, pois estes acabam por lutar a vosso lado contra os muitos outros inimigos que surgem pelos cenários.

 

No que toca à jogabilidade em si, Epic Mickey é um jogo típico de plataformas em 3D. O funcionamento da personagem não fica muito longe do que pode ser visto em Super Mario Galaxy, mas infelizmente, não chega a ser tão refinado como no caso do canalizador. Embora funcione bastante bem na maioria dos casos, o vosso maior inimigo vai acabar por ser a câmara, que tem o péssimo hábito de se colocar encostada a uma parede, acabando por ficar presa, ou não oferecer a melhor perspectiva do cenário.

No entanto, por vezes, existem cenários de transição entre zonas que são apresentados ao bom estilo das plataformas em 2D à moda antiga, que normalmente recorrem a cenários inspirados em antigos filmes da Disney, como Steamboat Willie, ou até o Pé de feijão dos sonhos de Mickey.
Ao fim de uns bons minutos de jogo vão chegar finalmente a Mean Street, uma versão modificada de Main Street do parque da Disney, que vai servir como zona central da aventura e local onde vão poder encontrar um bom número de personagens que vós oferecem um dos número de missões secundarias.

Em termos de combate, além do uso do pincel, podem usar o ataque rotativo realizado ao abanar o Wii Remote. Este serve também em maior parte dos casos para destruir objectos ou paredes onde podem encontrar vários objectos, como emblemas, recargas de tinta e até Pins do Mickey de diversas cores.
À medida que a história avança, vão acabar por descobrir novas habilidades para o pincel que vão poder usar contra os inimigos, (das quais destaco a sempre engraçada bigorna que podem fazer cair sobre os muitos monstros de Wasteland) o que oferece sempre mais alguma variedade, embora não tanta como seria de esperar.

Testar as capacidades da tinta e do solvente em todo o lado, é sem duvida um dos pontos altos desta aventura. Há medida que experimentam pintar ou apagar os elementos de cada zona, vão descobrir ainda mais coleccionáveis, além de novas zonas secretas. Os fãs da Disney vão certamente ficar contentes por ver que alguns dos segredos escondidos são dedicados em certa forma a eles.

O outro ponto alto de Epic Mickey, é a forma como testa os jogadores e usa as suas acções e escolhas, de forma a alterar o rumo da história. Embora, por vezes, certas decisões possam ser demasiado óbvias, escolher ajudar uma personagem ou ignora-la, pode ter efeitos drásticos na forma como o jogo se vai desenrolar e de como a história vai conhecer o seu desfecho, o que dá valor a cada decisão ao mesmo tempo que oferece uma maior longevidade e a necessidade de repetir a aventura para conhecer novos desfechos.

 

Em termos de apresentação, Epic Mickey é sem duvida uma das melhores propostas da Wii. Embora não seja um jogo de cortar a respiração em termos gráficos, é na arte e no cuidado dado ao detalhe que Epic Mickey brilha ao mais alto nível. Grande parte dos cenários são altamente inspirados e grande parte das personagens, altamente apelativas.

Mickey, como centro da festa, é alvo de maior trabalho e isso é notório, sendo uma das personagens mais detalhadas, onde até podem ver as gotas de tinta a evaporar do seu corpo. Por vezes vão ser brindados com pequenas cinemáticas feitas em desenho, que além de agradáveis de ver, fazem lembrar algumas experiências da Disney na animação.

Em relação ao som, a música é verdadeiramente boa, com varias composições épicas de peso que se encaixam de forma soberba em cada cenário. Já no que toca às vozes, podem esquecer diálogos falados, mas sim, contar apenas com barulhos que identificam cada personagem (ao estilo de Legend of Zelda), tudo isto parece bem a início, mas a voz do Mickey ouvida por varias vezes, começa a ganhar contornos algo irritantes. Em termos de som ambiente, tudo parece esta no sítio certo e a funcionar bem.

Se estavam a pensar que Epic Mickey ia ser um jogo curto, estão enganados, precisam de cerca de 15 horas para acabar a história principal, e mais umas quantas se estiverem interessados em coleccionar todos os objectos e filmes do jogo. Se ficarem realmente interessados na história, então vão querer repetir tudo de novo para saber as outras formas de como a história pode terminar.

Epic Mickey pode não ser realmente um jogo revolucionário, ou até a pérola intemporal que aparentava ser quando foi mostrado através da sua artwork inicial, mas se são fãs da Disney ou gostam de jogos de plataformas, este é sem dúvida a melhor aposta da Wii logo a seguir a Super Mario Galaxy, se é melhor que Fantasia, talvez não, mas é o melhor jogo dedicado ao Mickey lançado nos últimos anos.

 

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